segunda-feira, 24 de julho de 2017

Devemos impor limites à tecnologia?

Inicialmente, devemos deixar bem claro que as coisas não são boas ou ruins por si mesmas: o que devemos considerar são as implicações ou usos das mesmas. Por exemplo, Einstein e suas teorias no campo da física trouxeram avanços teóricos e práticos importantes para a humanidade, ampliando o seu nível de entendimento da realidade na qual está inserida no mundo em que habitou. Assim, o forno de microondas é uma invenção industrial derivada das descobertas de Einstein. Entretanto, e para o nosso azar, a invenção da bomba atômica também deriva de suas descobertas - aliás, o uso de suas descobertas para usos destrutivos lhe trouxe tristeza e indignação (nunca nos esqueçamos de que Einstein tinha uma inteligência/imaginação prodigiosa mas, também, um coração de ouro ou muito humano). Então, o que devemos fazer é não generalizar, mas separar o joio do trigo - ou seja, permitir o uso da tecnologia benéfico à humanidade e proibir o seu uso maléfico.
Neste mesmo sentido, analisemos uma tecnologia de ponta que está gerando muita preocupação entre os especialistas da área, tecnologia esta chamada de INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. Pois bem, o respeitado cientista e escritor britânico Stephen Hawking chega a afirmar que tal tecnologia vai provocar o extermínio da espécie humana. Apesar de não encarar o problema de uma forma radicalmente catastrófica, um empresário do setor afirma que ela pode roubar todos os postos de trabalhos desempenhados por humanos e transferi-los às máquinas. Continuando, ele acha que o uso da tecnologia é irreversível e aponta duas medidas estratégicas a serem tomadas: a regulação de seu uso, vale dizer, a imposição de certos limites e a criação de uma renda básica universal - ou seja, uma renda que possibilite a quem ficar desempregado, em função da implementação de tal tecnologia, um nível de vida minimamente decente ou digno. Ora, supõe-se que só no Reino Unido, tal tecnologia vai roubar 15 milhões de empregos de humanos (agora, imaginem quanto vai ser o estrago quando considerarmos o mundo todo!). Do ponto de vista psicológico e médico, temos a alertar que todo ser humano deve exercer um trabalho (apenas alertando que lhe devem ser oferecidas boas condições para exercê-lo). O trabalho, infelizmente, às vezes estressa. Mas, na maioria das vezes, dá prazer e sentido à vida. Privar o homem de trabalho é torná-lo um inútil, imprestável e, às vezes, um portador de patologias psico-psiquiátricas em função da ação danosa do ócio prolongado (aliás, há um ditado popular que diz que cabeça ociosa é instrumento ou lenha do Diabo). Mas, além desta questão de equilíbrio/desequilíbrio mental em jogo, há outra questão muito relevante que não deve ser ignorada: a questão do equilíbrio/desequilíbrio econômico. Pois bem, toda economia, seja ela totalmente estatizada ou totalmente de mercado ou mista (com um pouco de cada coisa), para encontrar o que os economistas chamam de "ponto de equilíbrio" necessitam oscilar em torno da igualdade (mesmo que provisória) entre a oferta e a demanda ou produção e consumo. Ora, há séculos atrás o economista alemão Karl Marx já alertava sobre o perigo de se tecnificar/robotizar/maquinizar demais a economia. Ele chamou esse perigo maior de Lei da Tendência decrescente da Taxa de Lucro. Não vou discorrer sobre os meandros de tal lei (a qual é complexa e um pouco longa) mas vou mostrar empiricamente (ou seja, dar um exemplo prático) de como ela é pertinente ou correta. Pois bem, vou relacioná-la à economia japonesa, terceira maior economia do mundo em termos de PIB e, na minha opinião, a mais desenvolvida tecnologicamente do mundo (apesar de ter pouquíssimos recursos naturais). Para quem não sabe, a economia japonesa produz muita coisa sofisticada, principalmente em seu setor industrial (mas não somente nele). Por conta disso, ela tem muitas marcas famosas que alcançam o mundo. Então, à primeira vista, parece que tal economia é um exemplo perfeito de "eficiência" econômica. Entretanto, se estudarmos as estatísticas de tal economia, veremos que se trata de uma economia deverasmente FRACASSADA. Vamos lá. Apesar de ter desenvolvido muitos produtos avançados e reconhecidos mundialmente pela sua qualidade, a economia japonesa no seu todo, ou seja, considerando-se empresas, famílias e governo, é, impressionamente, a mais ENDIVIDADA DO MUNDO (chegando sua dívida total a 5 vezes o valor de seu PIB). Estranho, à primeira vista, não? Realmente, é muito estranho que uma economia ultra-avançada, em termos líquidos, produza débitos e não créditos para com o resto do mundo. Ora, simplesmente tem algo de profundamente errado nesta economia ou qualquer outra similar. E tudo indica que se trata da incompatibilidade entre a SUPERPOPULAÇÃO MUNDIAL (aumentada pelo desemprego tecnológico e geradora de rebaixamento da participação dos salários na economia) e o paulatino AUMENTO DOS PREÇOS DOS PRODUTOS, devido à sua maior sofisticação (para tirar a prova, compare o preço de um fusquinha, simples, e uma Ferrari, sofisticadíssima e luxuosa). Assim, tem-se cada vez menos dinheiro disponível para consumo (dada a crescente concentração da renda, principalmente em função da superpopulação mundial também crescente) e cada vez mais produtos sofisticados caros. Aqui, tudo indica, estão, digamos, as duas principais "placas tectônicas" que podem produzir grandes terremotos ou abalos ou grandes estragos à economia mundial. Quanto à Marx, ele profetizou o problema, deu-lhe um nome próprio (na forma de uma lei econômica) e também fez uma análise peculiar, provida de argumentos peculiarmente seus. Só para finalizar, recomendamos que todo empresário e governante leia O CAPITAL, obra maior de Marx, pois lá estão apontadas as contradições do capitalismo e como elas podem destrui-lo. Quanto à sua obra política, esqueçam-na - dado que Marx não entendia nada de política.

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